quarta-feira, 14 de outubro de 2009

valei-me, Deus.

efémeras vozes me dizem palavras miudinhas,
mudinhas.
cheio de transpiração me recolho a elas
cheio de dor
boa dor, angústia, desejo,
saudade, desespero

várias vezes voltei ao vazio
de ver
de crer
e de escrever já cheguei
a cansar

mas quantas flechas matam a vida de um homem contornado de sentimentos?
são esses sorrisos e estes olhinhos puxados
é essa boca desenhada
e algumas orelhas ferozes
(que gravam, regravam e encravam as letras numa memória sem dúvidas,
com medos, com frios e cheiros)

e metade é amarelo
mas metade não é o suficiente
metade não é o bastante
metade não é nem apenas
e nem está tão distante
metade é metade a vera
sem só
sem nó
sem dó
e com tudo isso junto,
mas separado.

eu espero
espero mil e uma noites
um dois três
um até dez
um até cem
um até não aguentar (mais),
sabendo aguentar.

e quando eu disser que não sei
me refiro a:
amar, apaixonar, viver, ferir,
entre tantas definições
que encontrem limites.

pois me pergunto: qual o limite?
e acho que nem as efémeras vozes
me explicarão.

Um comentário:

Manu Turrón disse...

Quando eu digo que você escreve muito não é a toa.
Palavras se completam nesse texto.
Palavras não se perdem nesse texto.
Amei. Parabéns.