quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Desabafo

E é nesse estágio de sono que me encontro. Primeiro durmo. Durmo nas minhas palavras, sem saber e sem querer ler ou escutar outras; ora por influência ora por fraqueza. Franqueza é o que levo a sério, mas não sou sério, apesar de parecer. Sou honesto. Eu sou homem, não moleque.
Nunca tive grandes vícios. Minto. Tenho um enorme vício: o vício de pensar. E é pecado? Não é pecado se drogar, não é pecado fumar, beber, cair, não é pecado morrer, mas morrer mata. E matar é pecado. A morte mata tantas coisas, tantos sentimentos, tantas decisões, tantas linhas não ditas e até aceitas um dia antes de ter o seu corpo debaixo de tanta terra. Isso não é poesia.
Então paro, penso, reflito. Eu sou meu psicólogo, eu sou o meu amor, a minha carência, a minha saudade. Do que sinto falta? De mim, não de outro "mim". E bate tão desesperadamente que recuso qualquer oferta alheia, qualquer convite, porque não vejo o que há de tão completo nas pessoas (mais sincero impossível). Ora decepção, ora receio, ora tristeza.
Porém seria tão mais fácil se no meio do caminho não tivesse pedra alguma, se não tivesse pedra alguma no meio do caminho. Pois no momento que nego me contradigo e no momento que afirmo também. Como aceitar o que é tão imensamente opositor? Não sei, acho melhor salvar e pronto (ou ponto).

Um comentário:

Talita Regados disse...

São meras palavras? São simples vocábulos, sinônimos, antônimos, orações e períodos... e tanto mais?
Sinceramente, afirmo que não. Quando se lê, e o que se lê, te faz mexer (perante o simples local, ou perante o mundo ou talvez perante os sentimentos e reações de tais) é porque em tais descrições, registros, escritos, manuscritos, caracteres... Não são apenas palavras. Apenas palavras, meras palavras? Não, não mesmo. Rafael Sady e SUAS palavras. Seu contexto próprio, sua entonação própria. O vocábulo 'desabafo' tem seu próprio contexto aqui. E com certeza não é o mesmo do qual ele tem lá. Enfim, tantas palavras redigi para reafirmar o que já expressei tantas vezes, mas que seria imperdoável se eu não as relembrasse agora. Serão meras palavras? Talvez. São mais do que palavras, claro... Mas talvez não consiga fazê-las tão ativas (com seu contexto e entonação) quanto as palavras de Rafael Sady. Porém tenho e preciso deixá-las. Não esparramadas num canto... Não engavetá-las... Nem empurrá-las até o peso máximo... Deixar todas aqui juntinhas num amontoado de letrinhas, simetricamente formando o meu, o dele e o nosso:
Rafael, de alguma forma seus textos mexem e comigo e modificam-me. Parabéns!