sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Porta Preta - Um pequeno conto

Introdução

Quando eu era pequeno, costumava sonhar que uma bola negra, lisa, brilhante e gigante me perseguia. Pode parecer engraçado, hoje, mas eu tinha muito temor à bola. E o mais impressionante é que a bola não queria me machucar. Eu corria sempre para frente, caía, a bola parava e eu levantava. O prazer dela era simplesmente me perseguir. Eu sempre procurei um significado para esse sonho sinistro, e talvez nem haja.
O que conto aqui é apenas parte do ilusionismo simplório que me cega.
Este? É real.

Parte I

Uma rua deserta era o caminho escuro daquela noite. A lua iluminava as gotas de água que caíam do céu e tocavam ao chão; cada gota, um barulho diferente. As vestes comuns, que cercavam o corpo de um jovem repleto de curiosidade, enfeitavam um simples cenário embaçado, astigmático. Ele adentrava a rua com uma adrenalina digna de parada cardíaca, deixando, a cada passo, o sapato mais sujo e molhado. Seu rosto magro e pálido obscurecia todos os sentimentos infiéis, que eram produzidos constantemente; sim, invisíveis a olho nu.
Algum arfar era escutado de um canto a outro da rua; o garoto não estava sozinho. Conduzido por um pavor inebriante, ele começou a correr. O chão de pedras colocadas naquela delicada equidistância se abria, tomando luz por alguns postes acesos. O garoto pensou em parar para observar quem eram aquelas pessoas, mas sentiu que o seguir o tomaria a um lugar seguro de calma.
Uma passarela vazia se pôs a frente dele, o que não o denotou menor medo. Subiu, andou, desceu. Sim, uma neblina colossal o cobriu. A noite caíra quase que de repente e ele nem prestara atenção no sumiço da lua. O lugar estava gelado e a chuva cessava aos poucos.
- Pablo, estou aqui! - uma voz que partia do meio da neblina ecoou docemente.
- Não consigo te ver, mãe. - resquícios de consciência e segurança regeneravam-se no garoto perdido.
- Tente seguir a minha voz! - alguma música soava pela neblina adentro, partida da voz daquela mulher escondida.
O cheiro de chuva naquele asfalto liso, dificultava a concentração, atraía a Pablo. Porém, com um esbarrão, ele e sua mãe se encontraram. Aquele calor solar dos dias de verão não era presente, mas a iluminação da rua ficou bem melhor quando o branco amarelado bateu na neblina. Nuvens de tom cinza claro deslocavam-se, cobrindo o céu e deixando somente o sol exposto por entre elas.
- Filho, precisamos entrar no hospital. - disse a mulher com uma preocupação maternal.
Algumas pessoas já se locomoviam pelo passeio público em direção aos seus trabalhos. Um carro ou outro passava pela rua larga, com a velocidade menor que o normal. E a mesma rotina de todos os dias passava a se fazer a partir dali.

Um comentário:

. | André | . disse...

alem do que se vê existe eu, você e muito mais. ♥

Guardo saudades de quando te pertubava no msn.