terça-feira, 25 de maio de 2010

Não sou nobre

Nesse teu ápice de beleza,
já prosa sofrida
te contei.

Do nosso amor,
eu só deixei crescer
o olvidado, a emoção.

Nos traços ilimitados que desenhei no papel preso,
nunca acompanhei
as mil e uma loucuras
que teus braços viveram.

Nego paixão certeira.
- Que te atinja lentamente!
Nego veneno ou encanto.
Nego o eterno pranto
que teus olhos irão curar.
Nego estas dores casuais.

Assumo o voto,
grito, boto pra lá,
boto pra cá.
Mas não noto que
a sua cegueira há de haver.

Morro como um vassalo,
morro como um escravo,
como classe baixa e pobre,
que altruísmo nenhum me impede.


Morto aqui estou.


Nenhuma surpresa te dei
ao cantar sabião,
porque de pássaro negas
o que sou,
o que estou.

Valha-me tantas tristezas,
que você não me dá.

Traz mais um fiasco?
Eu hei de honrar.

Como a velhinha debaixo da cama:
que voltou para a cadeira,
mas nada esperou.
Como homem grande: que veio,
que foi
e que deixou

Sátira desse floreio de idéias,
eu teço a carmim,
porque no fundo sei:
tu não és o meu jasmim.
Sem o perfume que me vicia,
perco novamente
e ponho-me tão contente;

como tão vivo,
vivo vôo.

Nada mais que presente
e nada mais que ausente,
eu entendo o teu caminhar.

Num obrigado cheio de ternura
de voltar para o abrigo
que destruí,
mas também ergui:

esse sim é meu.

Um comentário:

m rodrigues. disse...

Seria esquartejado, queimado e enterrado perto de Hitler se eu não dissesse que esse texto é lindo. <3